Crítica: Reacher – Ação brutal e um protagonista implacável

Adaptações de livros para a TV sempre geram debates entre fãs. E quando se trata de um personagem icônico como Jack Reacher, criado por Lee Child, a expectativa aumenta. Após a recepção mista dos filmes estrelados por Tom Cruise, a série Reacher, disponível no Prime Video, finalmente entrega um protagonista mais fiel à obra original. Alan Ritchson assume o papel com autoridade, trazendo a presença física e a postura fria e calculista que os leitores sempre imaginaram.

A história começa quando Jack Reacher, um ex-militar altamente treinado, chega a uma pequena cidade e logo se vê envolvido em uma trama criminosa. O primeiro episódio estabelece rapidamente o tom da série: ação intensa, mistério e um protagonista que prefere resolver as coisas de forma direta – muitas vezes com os punhos. O roteiro não tenta complicar demais, seguindo uma linha clara de investigação e vingança, com reviravoltas suficientes para manter a atenção do público.

Ritchson brilha no papel, capturando a essência de Reacher com olhares frios e uma postura que exala ameaça. Ele não é um herói convencional, não faz discursos emocionantes nem tenta agradar a ninguém. Sua força está na precisão com que analisa cada situação e na confiança absoluta de que pode vencer qualquer um em um confronto físico. Diferente das versões anteriores, aqui temos um Reacher que impõe respeito apenas pela presença.

A ação é um dos grandes trunfos da série. As lutas são coreografadas de maneira brutal e eficiente, sem exageros estilizados, o que reforça o realismo. Cada soco e golpe tem peso, e a violência não é gratuita, mas uma consequência natural do mundo perigoso em que Reacher transita. As sequências de combate são filmadas com câmera firme, sem cortes excessivos, permitindo que o público acompanhe cada movimento.

A fotografia da série contribui para a atmosfera sombria e realista. As locações trazem um tom de isolamento, refletindo a natureza solitária do protagonista. A trilha sonora complementa bem as cenas de tensão, sem exageros, apenas reforçando a sensação de perigo constante. Já o ritmo da narrativa mantém um equilíbrio entre momentos de investigação e explosões de ação, garantindo que a história não fique monótona.

Os personagens secundários, embora bem desenvolvidos, acabam sendo ofuscados pela presença dominante de Reacher. Os policiais locais, interpretados por Willa Fitzgerald e Malcolm Goodwin, funcionam como aliados interessantes, mas nenhum deles rouba a cena. A relação entre os personagens é funcional e direta, sem aprofundamentos emocionais desnecessários, o que combina com o tom seco da série.

Se há um ponto negativo, talvez seja a previsibilidade de alguns momentos. Para quem está acostumado com histórias de ação e investigação, certas reviravoltas podem parecer óbvias. No entanto, isso não chega a comprometer a experiência, já que o foco principal é acompanhar Reacher em sua jornada de justiça implacável.

O sucesso de Reacher está na sua simplicidade bem executada. Não há exageros narrativos nem tentativas de reinventar o gênero. O que temos aqui é uma série de ação direta, brutal e eficiente, exatamente como o personagem pede. Para quem gosta de thrillers policiais, conspirações e um protagonista que não tem paciência para burocracia, essa é uma escolha certeira. O Prime Video acertou ao trazer para a TV um Jack Reacher mais fiel aos livros, e o resultado é uma série envolvente, violenta e extremamente satisfatória para os fãs do gênero.

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