Sempre que uma série tenta misturar fantasia, mistério e crítica social, eu fico de olho. “Carnival Row” fez exatamente isso, e desde o primeiro episódio, dá pra perceber que ela não é só mais uma história sobre criaturas mágicas. Aqui, temos um universo ricamente construído, que mistura fadas, faunos e outras raças fantásticas em um ambiente vitoriano sombrio, cheio de tensão política e social.
A trama acompanha Rycroft “Philo” Philostrate (Orlando Bloom), um detetive humano que investiga assassinatos brutais em Carnival Row, um bairro onde vivem refugiados de uma guerra devastadora. Entre eles está Vignette Stonemoss (Cara Delevingne), uma fada que tem um passado com Philo e que luta para proteger seu povo em um mundo que os vê como cidadãos de segunda classe. O que começa como um mistério policial logo se expande para temas muito mais profundos: preconceito, xenofobia, abuso de poder e as dificuldades dos imigrantes.
O grande trunfo da série está na sua ambientação. O design de produção é impecável, criando um universo steampunk gótico que parece saído de um livro de fantasia adulta. A fotografia escura, as ruas apertadas e a sensação constante de perigo fazem com que a cidade de The Burgue pareça viva. Mas não é só a estética que impressiona. O roteiro, apesar de algumas irregularidades, consegue manter um ritmo envolvente, misturando política, romance e ação de maneira equilibrada.
As atuações também ajudam a dar profundidade à história. Orlando Bloom, que muita gente ainda associa ao Legolas de “O Senhor dos Anéis”, entrega uma performance sólida, trazendo um lado mais sombrio e atormentado para seu personagem. Já Cara Delevingne surpreende, especialmente nas cenas mais emocionais, onde sua personagem precisa lidar com a dor da perda e o desejo de vingança.
Se tem algo que pode dividir opiniões, é o ritmo. “Carnival Row” não tem aquela urgência de outras séries mais aceleradas, e alguns episódios se aprofundam mais na política do que na ação. Mas, pra quem gosta de histórias que constroem seu mundo com detalhes e não têm medo de abordar temas pesados, isso não é um problema – na verdade, é um ponto forte.
A segunda temporada trouxe desdobramentos intensos, mas infelizmente foi a última. Mesmo assim, a série conseguiu fechar sua história de forma satisfatória, sem deixar muitas pontas soltas.
No fim das contas, “Carnival Row” é muito mais do que uma série de fantasia. Ela usa criaturas mitológicas para falar sobre problemas reais, algo que boas histórias sempre fizeram. Se você curte uma mistura de mistério, drama e crítica social, vale muito a pena dar uma chance.