Se você gosta de filmes que desafiam sua mente e oferecem mais do que apenas entretenimento, O Poço é uma experiência que vai te prender do início ao fim. Esse thriller psicológico espanhol, dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, se tornou um fenômeno mundial após seu lançamento na Netflix, gerando discussões acaloradas sobre suas metáforas e críticas sociais. Mas o que torna esse filme tão especial? Vamos conversar sobre isso.
A trama de O Poço se passa em uma prisão vertical, onde os presos são distribuídos em diferentes níveis, e uma plataforma de comida desce do topo até o fundo. Quem está nos andares superiores come à vontade, enquanto os dos andares mais baixos precisam se contentar com as sobras – ou, muitas vezes, com nada. A cada mês, os presos são realocados para um nível diferente, o que gera uma constante sensação de incerteza e desespero.
O protagonista, Goreng, entra voluntariamente no sistema para obter um diploma, mas rapidamente percebe que há muito mais em jogo do que ele imaginava. O filme nos coloca diante de dilemas morais e éticos, nos fazendo refletir sobre como agimos quando colocados sob extrema pressão. Será que nos tornamos egoístas ou conseguimos manter a empatia mesmo nas piores condições? Essa é uma das grandes questões levantadas pelo roteiro.
Uma das características mais marcantes de O Poço é sua narrativa claustrofóbica e inquietante. A direção utiliza enquadramentos fechados e uma fotografia sombria para transmitir o sentimento de opressão e desespero vivido pelos personagens. A trilha sonora sutil, mas perturbadora, intensifica essa sensação de tensão constante, fazendo com que o espectador sinta-se preso junto com os protagonistas.
As atuações são outro ponto forte. Iván Massagué entrega uma performance convincente como Goreng, capturando perfeitamente sua transformação ao longo do filme. Seu personagem passa por diferentes estágios emocionais – da esperança inicial à completa desesperança – e a maneira como isso é retratado é de tirar o fôlego. Zorion Eguileor, que interpreta o enigmático Trimagasi, adiciona camadas de complexidade à narrativa, com sua visão cínica e brutal da realidade do poço.
O Poço é uma metáfora poderosa sobre desigualdade social, consumo desenfreado e a falta de solidariedade em tempos de crise. A prisão vertical representa de forma simbólica o mundo em que vivemos, onde recursos são distribuídos de forma desigual e muitos acabam lutando por sobrevivência enquanto poucos desfrutam do excesso. O filme também levanta reflexões sobre a meritocracia e como ela pode ser ilusória quando inserida em um sistema injusto e corrompido.
Apesar de suas qualidades, O Poço não é um filme fácil de assistir. Algumas cenas são bastante gráficas e perturbadoras, explorando temas como fome extrema, violência e desespero humano. Isso pode afastar espectadores mais sensíveis, mas para aqueles que gostam de filmes provocativos, é uma experiência que certamente vale a pena.
Outro ponto que divide opiniões é o final. Sem dar spoilers, o desfecho é aberto à interpretação, deixando muitas perguntas sem resposta. Para alguns, isso é frustrante; para outros, é um convite para refletir e tirar suas próprias conclusões sobre a mensagem do filme.
Se você gosta de produções que desafiam sua visão de mundo e te fazem pensar por dias depois de assistir, O Poço é uma escolha certeira. É um filme que, além de entretenimento, proporciona uma profunda reflexão sobre a sociedade e o comportamento humano.
Em 4 de outubro de 2024, a Netflix lançou O Poço 2, dando continuidade ao universo perturbador do primeiro filme. Nesta sequência, somos apresentados a novos personagens, como Perempuán (Milena Smit) e Zamiatin (Hovik Keuchkerian), que enfrentam desafios ainda mais intensos dentro da temida estrutura vertical. A direção permanece nas mãos de Galder Gaztelu-Urrutia, garantindo a mesma atmosfera tensa e claustrofóbica que marcou o original.
Diferentemente do primeiro filme, O Poço 2 adota uma abordagem que mistura prelúdio e sequência. Conforme explicado pelo diretor, a narrativa começa antes dos eventos do original e avança até alcançar e até mesmo superar o ponto final do primeiro filme, oferecendo uma perspectiva mais ampla sobre o funcionamento e a origem da prisão.
Para aqueles que se perguntam sobre a possibilidade de um terceiro filme, o diretor Galder Gaztelu-Urrutia mencionou que a continuidade da franquia dependerá do desempenho de O Poço 2. Ele expressou interesse em explorar mais profundamente o universo do poço, respondendo a questões sobre quem construiu a estrutura e com quais propósitos.
Se você ainda não assistiu a esses filmes, ambos estão disponíveis na Netflix. Prepare-se para uma jornada intensa que não apenas entretém, mas também provoca uma análise crítica sobre as estruturas sociais e o comportamento humano diante da escassez e do poder.
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